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Competitiva Nordeste


SESSÃO I

Das raízes ao vento

Exibição presencial
29/10 - Auditório Leite Alves CAHL

20h

Direção: Irion Martins

TRAGA NOVIDADE

60 anos após a descoberta de petróleo em Carmópolis (SE), a cidade que detém a maior reserva terrestre de gás do país ainda clama por transformação social ao se ver vendida a uma empresa espanhola e sem retornos sociais equivalentes à riqueza explorada.

Direção: Paulo Clayton Lima; Pedro Cauã da Silva; Rayane Kellen Lima; Wendy Aguiar

Narrativas LGBTQIAPN+: em
contextos de escola e universidade

O curta-metragem reúne relatos coletados por meio de formulário online elaborado pela equipe do Projeto Narrativas LGBTQIAPN+, com o objetivo de refletir acerca das vivências de pessoas da comunidade sexodiversa em contextos de escola e de universidade.

YBY KATU

Direção: Jessé Carlos Ladivan Soares Kaylany Cordeiro Geyson Fernandes Rodrigo Sena

YBYKATU (terra fértil) apresenta através da cosmovisão Potyguara do Katu, a retomada ancestral de Maria e suas amigas que vivem entre a cultura agrícola indígena e o centro urbano da Grande Natal, RN.

A Cachoeira dos Pássaros

Direção: Thiago Pombo

Diversos passarinhos habitam uma região banhada por cachoeiras, porém um novo empreendimento pode trazer mudanças na dinâmica desse ecossistema.

Caminhos Abertos

Direção: Bárbara Lima

Como é ingressar, permanecer e concluir a graduação em universidades públicas? Quais formas de permanência, arranjos e suportes são encontrados e construídos durante esse percurso no ensino superior público? CAMINHOS ABERTOS é um documentário que propõe ampliar o debate a respeito dessas e das demais questões que atravessam os percursos de jovens de classes populares em universidades públicas do interior da Bahia. As narrativas são contadas a partir das vivências e encruzilhadas das e dos estudantes Marla Luisa Brito, Ana Carolina dos Reis, Matheus Vinicius Ferreira e Alisson Santos. Eles e elas compartilham suas trajetórias, impressões e dinâmicas de vida trilhadas desde o ensino fundamental até o ingresso no ensino superior público. De forma paralela, são compartilhadas as dificuldades e desafios enfrentados nessa jornada, assim como as lacunas relacionadas à comunicação e informações essenciais para a rotina acadêmica. Destaca-se também a importância da educação como um instrumento que desempenha transformações sociais e amplia as possibilidades de construção de projetos de vida.

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        A sessão Das Raízes ao Vento abre os caminhos para as exibições competitivas do XI CineVirada em 2024 com filmes indicando que, dentre as facetas da sétima arte, está ser ferramenta de denúncia, acolhimento e resistência diante das adversidades. Passamos aqui pela permanência, conceito fundamental para o contexto educacional, mas também para a construção do ser. Ser e estar se conjugam concomitantes e em coletividade. Através da linguagem cinematográfica, essas produções perpassam a importância da relação entre o ser humano e o meio ambiente, não só enquanto natureza, mas também enquanto sociedade. Como (sobre)viver diante da exploração do lucro acima da vida? Aqui, entende-se que a única salvação é o coletivo.
      Abrindo a sessão, temos Traga Novidade (2024), de Irion Martins, levamos os olhares para a urgência de denúncia e escuta do problema da pequena cidade de Carmópolis, no leste de Sergipe. Guardiã da maior reserva terrestre de gás do Brasil, ela emerge como um símbolo de riqueza natural e promessas não cumpridas. Mesmo com todo o potencial explorado, Carmópolis se vê vendida a uma empresa espanhola, enquanto a transformação social, tão esperada, permanece uma miragem distante. Um enredo onde a história de uma cidade rica em recursos, mas empobrecida em retorno social, pode finalmente ter voz e revelação de seus moradores.
      É através das vozes que uma direção coletiva conta Narrativas LGBTQIAPN+: em contextos de escola e universidade (2023), que utiliza respostas coletadas por meio de um formulário online para narrar relatos anônimos. O Projeto Narrativas LGBTQIAPN+ reúne essas histórias fazendo ressoar as similaridades entre as trajetórias dessas vozes, que respondem duas perguntas acerca de suas vivências sexodiversas em contextos de escola e universidade. Dessa forma, fica palpável o peso da educação para a construção do “ser” diante da coletividade e das dificuldades impostas por uma sociedade preconceituosa.
        YBY KATU (2024) apresenta através da cosmovisão Potyguara do Katu, a retomada ancestral de Maria e suas amigas que vivem entre a cultura agrícola indígena e o centro urbano da Grande Natal, RN. Além disso, neste mesmo contexto, acompanhamos perspectivas distintas, vindas de outras gerações, em seus cotidianos diante de uma logística socioeconômica estabelecida recentemente na região. Sendo fruto de um projeto que trás um olhar de dentro pra fora, o filme entrelaça um tom documental ao ficcional e, através de uma cinematografia marcante, levanta questões sobre apagamento e pertencimento de povos originários.
          Em A Cachoeira dos Pássaros (2024), Thiago Pombo se debruça na imagem junto à trilha sonora para desenvolver sua narrativa. Diversos passarinhos habitam uma região banhada por cachoeiras e, acompanhando a vida de um casal que se conhece desde a infância, nos deparamos com as mudanças trazidas por um novo empreendimento a esse ecossistema. Através de sua linguagem que dá destaque à personalidade forte dos personagens pássaros, em um stopmotion com diálogos diferenciados, a essencialidade da coletividade se apresenta novamente.
        Fechando a sessão com Caminhos Abertos (2023), dirigido por Bárbara Lima, somos levados para os caminhos percorridos por jovens de classes populares em universidades públicas do interior da Bahia. A fim de ampliar o debate a respeito de questões que atravessam esses jovens, são contados e retratados de perto os percursos dos estudantes entrevistados, desde o ensino fundamental até o ingresso e permanência no ensino superior público. São abordadas formas de permanência, arranjos e suportes (ou a falta de todos os anteriores) para entender como essas pessoas atravessam esse percurso da educação brasileira diante das lacunas criadas para eles desde antes de adentrarem. Em seu desfecho, a direção nos traz informações de cada um dos entrevistados, proporcionando atualizações sobre suas jornadas depois da finalização do documentário.
      Com isso, o CineVirada em 2024 desponta contextualizando o audiovisual enquanto ferramenta múltipla, que tem potencial para o entrelaçar do coletivo, seja na concepção ou no visionamento de um filme. Desde a compreensão de ser e permanecer no contexto educacional, cultural e territorial, até as promessas de um progresso que nunca chega, fica palpável a existência de lacunas na trajetória de pessoas dissidentes. Lacunas estas que passam por essas histórias enquanto marcas de um sistema que marginaliza, distorce e subverte territórios e culturas, apagando modos de vida (e vidas) em nome do lucro. Contudo, como se coloca essa sessão, é evidente que a coletividade se contrapõe a estes algozes, podendo se valer através da denúncia, mas também da existência em si mesma, resistindo para permanecer diante dessas adversidades.

Das raízes ao vento

Texto por: Dante Gabriel

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