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Competitiva Nordeste


SESSÃO II

Minha tua cara

Exibição presencial
30/10 - Auditório Leite Alves CAHL

20h

Direção: Vinícius Menezes

No Meio de Campo

Em 2022, os brasileiros vivenciaram dois eventos emanadores de emoções: as polarizadas eleições para Presidente da República e os jogos da Copa do Mundo. Com essa mistura de sentimentos, o comportamento dos eleitores/torcedores se confundiam nessa intensa disputa.

Ancestralidade, matriarcado, música sacra e questões de gênero, no depoimento de mulheres, praticantes do culto afro-indígena da Jurema Sagrada, na região metropolitana de João Pessoa, Paraíba.

Direção: Cleyton Ferrer

Juremeiras

Entre o Rio e a Praça

Direção: Paulo Pontes

Na comunidade 7 Mocambos, em Recife, a ausência de uma praça não impede as crianças de brincar. Da conversa na porta de casa aos encontros no cineclube, o filme passeia entre as memórias dos mais velhos e as brincadeiras das novas gerações de sete mocambenses.

NÉCTAR DO TEMPO

Direção: Pedro Rodrigues

É um documentário que registra a vida cativante do Seu Paraíba, um idoso apicultor, lançando luz sobre a sua jornada de dificuldades, até morar afastado da sociedade e desenvolver profundas conexões ao longo dos anos com as abelhas e a natureza. Ele dedica seus dias a cuidar das colmeias, encontrando paz e propósito nessa atividade.

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        O fardo de criar as imagens do "outro" somos nós que carregamos. "Minha tua cara" nomeia a segunda sessão da Mostra Competitiva Nordeste. Com toda a responsabilidade do fazer cinema, assumimos uma das questões mais antigas da história da representação: a ética e o estado longínquo de justiça com a criação. A alteridade reconhecida e filmada é o que guia a composição de filmes, em um instinto de tornar visível aquilo cotidiano, mas por muitos desconhecido ou impercebido - a câmera enquanto olho que foca, que contradiz, que atiça e faz-se, na potência do mostrar, perceber.
         NO MEIO DO CAMPO (2024), dirigido por Vinícius Menezes, deixa a primeira bola do jogo rolar iniciando a sessão com gritos de rivais, uma torcida voraz; um paralelo traçado entre o processo eleitoral polarizado das eleições de 2022 e os jogos de futebol da Copa do Mundo, marcas elementares que movem a nação brasileira. Os arquivos articulados com as imagens gravadas e a sensatez da montagem constroem os sentimentos confusos e a face de cada lado que se misturam nessas duas telas ligadas. A crítica tecida, na sua sutileza assertiva, propõe os resultados desse jogo e como sobem no pódio os vencedores.
        O sagrado tem as vozes das mulheres em JUREMEIRAS (2024), dirigido por Cleyton Ferrer.  Seguindo os documentários, de maneira mais clássica, recolhe-se depoimentos dessas figuras  femininas protagonistas do culto afro-indígena da Jurema Sagrada na região metropolitana de João Pessoa, no estado da Paraíba. A ancestralidade viva percorre esta tradição matriarcal, ao sons das sabedorias, da música sacra e da questão intrinsecamente manifestada pela natureza desse legado, o gênero. O dispositivo da fala é utilizado concomitantemente à vontade latente de anunciar a presença do religioso no corpo, mente e passado de cada uma.
       Adentrando a festividade das crianças da comunidade recifense de Sete Mocambos, ENTRE O RIO E A PRAÇA (2024), dirigido por Paulo Pontes, as histórias e heranças daquele local, confluindo com a presença dos moradores, nos contagiam com brincadeiras, felicidade e o amor permeado pelo território, no qual mesmo sem uma praça e com as ameaças urbanas, essencialmente industriais, brilha com a projeção cineclubista em um dos projetos de resistência. Entre pulares de corda e a exibição de filmes, passeamos pelo intercâmbio cultural de gerações sete mocambistas, notando que as margens também são parte de um todo, existem e criam desde sempre. 
            Doce do mel e o que vêm por trás; NÉCTAR DO TEMPO (2024), dirigido por Pedro Rodrigues, fecha a sessão com a voz de Seu Paraíba ecoando no cuidado e no trabalho com as colmeias. O apiculturismo enquanto alternativa de paz, vida e sustentabilidade. Os planos demorados, a iluminação que atravessa a casa, o som que toma conta da atenção - cada escolha prudente - mostram sua cara. Discorrendo as dificuldades e a recompensa que o contato profundo direto com a natureza e as abelhas o fizeram ser quem é, a partir de um retorno frustrado com a cidade: uma saída.
       Dever no cinema é saber retratar o outro: se somos olhos e dizeres, os mais expressivos da humanidade, o que vemos e dizemos de quem não sou Eu? "Minha tua cara", uma homenagem ao documental, um questionamento crítico envolvido em cada passo cuidado, cada corte preciso, respeito em todas as maneiras de manifesto, pois apesar de mim, você.
       

Minha tua cara

Texto por: Bagdá Sakugawa

"Vida da minha alma:
Recaminhei casas e paisagens
Buscando-me a mim, minha tua cara."
(HILST, Hilda. Vida da Minha Alma)

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